sábado, 16 de outubro de 2010

VIDA E OBRA DE SARTE.

Jean-Paul Sartre nasceu em Paris no dia 21 de junho de 1905. Seu pai faleceu dois anos depois e a mãe Anne-Marie Schweitzer, mudou-se para Meudon, nos arredores da capital, a fim de viver com Charles avô materno de Sartre. Sobre a morte do pai escrevera mais tarde “foi um mal, um bem? Não sei, mas subscrevo de bom grado o veredicto de um eminente psicanalista: não tenho superego”.

Talvez a ausência da figura paterna em sua vida possa explicar por que Sartre se tornou um homem radicalmente livre. Outro traço marcante na formação de Sartre foi à imaginação criativa, alimentada pela leitura precoce e intensiva. Isso fica claro em uma de suas citações: “... Por ter descoberto um mundo através da linguagem, tomei durante muito tempo a linguagem pelo mundo. Existir era possuir uma marca registrada, algumas portas nas tábuas infinitas do verbo; escrever era gravar nelas seres novos; foi a minha mais tenaz ilusão, colher as coisas vivas nas armadilhas das frases...” Aos dez anos de idade quis tornar-se escritor e ganhou uma maquina de escrever. Seria seu instrumento de trabalho por toda vida.

Em 1924, aos dezenove anos de idade, ingressou no curso de filosofia da escola normal superior, onde por incrível que pareça não foi um aluno brilhante, mas muito interessado, principalmente pelas aulas de Alain (1868-1951), “Pseudônimo de Émile Auguste Chartier. Um dos inspiradores teóricos da fase radical da III República Francesa. Autor francês, marcado pelo espinosismo e pelo cartesianismo, é um dos principais teóricos do individualismo contemporâneo. Inspirador do novo pensamento radical francês é também um dos herdeiros da chamada república dos professores. Destaca-se durante a chamada questão Dreyfus pelos seus curtos, publicados diariamente em La Dépêche de Rouen. Neles, faz a defesa moralista da liberdade individual contra a tirania do Estado. Glosando Lord Acton, diz que se o poder enlouquece, o poder absoluto enlouquece absolutamente.”

Sartre dedicava atenção particular à discussão do problema da liberdade. Na escola normal Sartre conheceu Simone de Beauvoir (1908-1986), “uma moça bem comportada” que ele afirmou:” a partir de agora, eu tomo conta de você”. E nunca se separaram.

Terminado o curso de filosofia, em 1928, Sartre teve de prestar o serviço militar e o fez em Tours, na função de meteorologista Depois disso obteve uma cadeira de filosofia numa escola secundária do Havre, cidade portuária. Nessa época escreveu o romance A Lenda da Verdade, recusado pelos editores. Em 1933, passou um ano em Berlim, estudando a fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938), as teorias existencialistas de Heidegger e Karl Jaspers (1883-1969) e a filosofia de Max Scheller (1874-1928). A partir desses autores, Sartre foi levado a obras de Kierkegaard (1813-1855). Apoiado nessas referências principais, Sartre elaborou sua própria versão da filosofia existencialista.

Na Alemanha, Sartre iniciou a redação de Melancolia, romance mais tarde concluído e intitulado A Náusea. De volta à França, publicou, em 1936, A Imaginação e A Transcendência do Ego, trabalhos marcados por forte influência da fenomenologia. Em 1938, foi editada A Náusea. Um ano depois, uma coletânea de contos: O Muro, e o ensaio Esboço de uma Teoria das Emoções; em 1940, mais um ensaio: O Imaginário, que, como o anterior, utilizava o método fenomenológico,

Em 1939 ele volta para o exército francês, servindo na segunda guerra mundial como metereologista. É aprisionado em 1940 pelos alemães, e permanece na prisão até 1941. De volta a Paris alia-se à resistência francesa, onde conhece e torna-se amigo Albert Camus, amizade que dura até 1952, quando os dois rompem a relação publicamente devido à publicação do livro o homem revoltado no qual Camus critica Stalinismo. Sartre defendia uma relação de colaboração critica com a URSS.

Em 1943 publica seu mais famoso livro filosófico, L’Être et Le Néant ( o ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica), que condensa todos conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filosófico.

Em 1945, ele cria e passa a dirigir junto a Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes (Tempos Modernos), onde são tratados mensalmente os temas referentes à Literatura, Filosofia e Política. Além das contribuições para a revista, Sartre escreve neste período algumas de suas obras literárias mais importantes, sempre encarando a literatura como meio de expressão legítima de suas crenças filosóficas e políticas. Escreve livros e peças teatrais que tratam das escolhas que os homens tomam, frente às contingências que estão sujeitos. Entre as obras e peças destacaram-se: Huis Clos (Entre quatro paredes) (1945) e a trilogia Les Chemins de la liberté (Os caminhos da Liberdade) composta pelos romances L'age de raison (A idade da razão) (1945), Le Sursis (Sursis) (1947) e Le mort dans l'âme (Com a morte na alma) (1949).

Em 1950, sartre abraça o comunismo, torna-se ativista e publicamente se diz favoravel à libertação da Argelia do colonialismo francês. Sua aproximação do marxismo inaugura a segunda parte de sua carreira filosófica. Por exaemplo, a idéia de que as forças sócio-econômicas, que estão acima do nosso controle individual, têm o poder de modelar nossas vidas. Escreve então, La Critique de la raison dialectique ( A critica da da razão dialética, 1960) onde defende valores humanos presentes no marxismo e apresenta uma versão alterada do existencialismo que ele julgava resolver as contradições entre as duas escolas.

Sartre adaptava sempre sua ação a suas idéias, e o fazia como ato politico. Era considerado por muitos como intelectual engajado. Em 1963, escreve les most (As palavras, lançado em 1964), um relato autobiográfico de sua despedida da literatura. Após dezenas de obras literárias, ele conclui que a literatura funcionava como um substituto para o real comprometimento com o mundo. Em 1964, recebe o Nobel de Literatura, que recusa pois, segundo ele, "nenhum escritor pode ser transformado em instituição". Morre em 15 de abril de 1980 no Hospital Broussais (em Paris). Seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris. No mesmo túmulo jaz Simone de Beauvoir.

Sartre inicia-se com A Transcendência do Ego, A Imaginação, Esboço de uma Teoria das Emoções e O Imaginário, publicados entre 1936 e 1940. Neles encontram-se aplicações do método fenomenológico formulado por Husserl, onde o autor não só se afasta do mestre, como chega a criticar algumas de suas posições. A obra na qual se encontra a filosofia existencialista que celebrizou Sartre é: O Ser e o Nada.

Itaylson Lopes de Jesus

domingo, 10 de outubro de 2010

Política Nacional de Saúde Mental

A Política Nacional de Saúde Mental, apoiada na lei 10.216/02,busca consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária. Isto é, que garante a livre circulação das pessoas com transtornos mentais pelos serviços, comunidade e cidade, e oferece cuidados com base nos recursos que a comunidade oferece. Este modelo conta com uma rede de serviços e equipamentos variados tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e os leitos de atenção integral (em Hospitais gerais, nos CAPS III). O Programa de Volta para Casa que oferece bolsas para egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos, também faz parte desta Política.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

AMOR, SEGUNDO PLATÃO.

O amor platônico é o mais incompreendido dos conceitos de Platão. Normalmente, as pessoas, que em sua maioria, não conhecem a obra de Platão, creditam o significado de amor platônico ao amor ascético ou assexuado. Na acepção vulgar, é um sentimento lúdico, de idealização sobre o elemento do gênero oposto, onde se abstrai o elemento sexual. Esta definição, contudo, difere da concepção de amor ideal de Platão. 

O filósofo grego acreditava na existência de dois mundos: o das idéias, onde tudo seria perfeito e eterno; e o mundo real, finito, imperfeito, mera cópia mal acabada do mundo ideal. Neste contexto, Platão concebera o amor como algo essencialmente puro e desprovido de paixões, visto que essas são essencialmente cegas, materiais, efêmeras e falsas. No ideal platônico, o amor está fundamentado nas virtudes. 

Platão descreve o amor como sendo uma loucura que é uma dádiva, fonte das principais bênçãos concedidas ao homem. Neste ideal, o amor sexual aparece como um ato natural, mas com raízes infinitamente mais profundas. Em O Banquete, Platão descreve tal amor com um significando maior que simples impulsos instintivos: é um sentimento genuíno tão amplo e universal que, embora comece como o amor pela forma bela, termina como o amor pela própria beleza. 

Por outro lado, o amor platônico, usado pela primeira vez no século XV pelo filósofo Marsilio Ficino, como sinônimo de amor socrático, significa um amor centrado na beleza do caráter e na inteligência, sem importar os atributos físicos. Refere-se ao laço especial de afeto entre dois homens, ao qual Platão exemplificou com o afeto que havia entre Sócrates e seus discípulos homens. Então, o amor platônico passou a ser entendido como um amor à distância, que não se aproxima não se toca, não envolve. 

O objeto desse amor é o ser perfeito, detentor de todas as qualidades distinguindo-se dos demais. O amor platônico distancia-se da realidade e, como foge do real, mistura-se com o mundo de sonho e fantasia. É possível fazer uma analogia com uma figura andrógina, metade feminina e outra masculina. Esta fábula tem implicações muito abrangentes na ética de Platão. É uma forma de afirmar que o ser humano não é completo e o amor é a busca do complemento. 

Maurício D’Errico Nieto Rubiano.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

IMPRESNCINDÍVEL OU IMPORTANTE?

A pergunta elaborada se refere à discussão sobre a necessidade de estudantes de psicologia fazerem ou não psicoterapia ou análise. 

Questão bastante discutida entre alunos, professores e profissionais da área de saúde mental, essa vem a ser uma polêmica que pode ser dirimida com a avaliação de cada um sobre as suas demandas psicológicas e pessoais. 

Por possuirmos pontos fortes e pontos fracos como seres humanos, ou virtudes e precariedades como prefiro, em muitos momentos a maioria de nós não reconhecemos as nossas precariedades e não tentamos corrigi-las, ou canalizá-las de forma produtiva para nós ou para os outros. 

É de suma importância para as pessoas- de forma geral, e os estudantes de psicologia, usarem a sua capacidade de pensar de forma que percebam as suas precariedades, avaliando assim a necessidade de intervenção de um profissional. 

Acredito ser imprescindível para esses futuros profissionais (psicólogos) se permitirem, em algum momento do desenvolvimento da graduação, entrar ou pelo menos tentar entrar em processo terapêutico ou analítico, tanto para buscarem se enxergar como profissionais atuantes num futuro breve, como para buscarem compreender as suas questões (se é que elas existem para alguns), assim como, ajudar no processo de desprovimento de uma possível prepotência como profissional. Afinal, parafraseando o imortal Carl G. Jung, “Conheças todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana”. 

Por isso, o exercício da auto-análise é nobre porque desenvolve a humildade, o reconhecimento dos próprios erros ou defeitos, a simplicidade para assumir o que pode ser melhorado. A prática da auto-análise tende a levar o indivíduo à evolução. Dessa forma, quando nos analisamos ou somos analisandos dentro de um setting terapêutico ou analítico, a tendência é ficarmos mais conscientes dos novos caminhos a seguir. No entanto, acredito ser algo bastante pessoal essa escolha de procurar um profissional, pois diversos pacientes nunca entram de fato em análise. 


Leonardo Santos

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ENTREVISTA - Uri Pellegrini

ENTREVISTA PARA O BLOG CONEXÃO INCONSCIENTE.


Uri Pellegrini, nasceu no dia 25 de setembro de 1978, formou-se em Direito pela Universidade Católica do Salvador em 2002 e Psicologia pela Faculdade Ruy Barbosa em 2008. Nos dois anos de práticas clínicas, Uri trabalhou com a abordagem psicodramatista desde a época no Serviço de Psicologia da Ruy Barbosa. Ao migrar para a clínica particular levou consigo 13 dos seus 15 pacientes, atestando sua competência. Com uma iniciativa pioneira, este aguerrido profissional, fundou o Grupo Vida Em Ato, onde se dedicou ao trabalho com adolescentes e adultos LGBT focando questões de sexualidade. Através desta entrevista Uri irá esclarecer alguns pontos sobre o Psicodrama e sua prática.


CI:Como ocorreu seu primeiro contato com o Psicodrama? O que despertou seu interesse para atuar nessa área?

Fiz uma matéria optativa no sexto semestre: introdução ao Psicodrama com a Profª Heloisa Saback e o Profº Antônio Moura. Foi paixão a primeira vista. A cada texto, a cada prática eu sentia que o Psicodrama fazia parte de mim, da minha visão de mundo.

CI:De modo geral, o que mais chama atenção na teoria/prática do Psicodrama?

A consistência teórica, a eficácia da pratica e é claro o resultado com os clientes.

CI:Atualmente, como você avalia o Psicodrama em Salvador, no que diz respeito à formação e onde é possível fazê-la? 

Aqui em salvador temos a ASBAP. O Psicodrama na Bahia tem sido pouco valorizado. Em outras cidades do país encontramos mais de três cursos de Psicodrama ativos.

CI:Você consegue notar o aumento no interesse dos profissionais de Psicologia por essa abordagem teórica? A que se deve esse interesse ou a falta dele?

Não vejo muito aumento não. Há pouca divulgação, apenas um grupo de formação e as faculdades pouco focam nessa linha teórica.

CI:Que prognóstico você faz para o Psicodrama em Salvador? Os profissionais dessa área terão mais espaço na prática clínica, hospitalar e comunitária?

Espaço sempre tem. Neste aspecto a linha teórica importa pouco. O que importa é a competência do profissional.

CI:Durante a graduação de psicologia são poucas as abordagens teóricas com as quais temos contato. O Psicodrama, por exemplo, quase não é visto durante todo o curso, situação bem diferente da Psicanálise e do Behaviorismo. O quão prejudicial você julga essa situação e por quê?

É prejudicial, pois a formação do psicólogo fica amputada. Não se pode escolher efetivamente a linha com a qual trabalhar se você apenas conhece duas delas. É muito pouco!

CI:Você atesta quanto à eficácia da terapia psicodramatista na prática psicológica? O Psicodrama está apto a lidar com quaisquer que sejam as demandas?

O Psicodrama é uma linha completa em termos de teoria e técnica. Trabalhamos com todas as demandas desde problemas de aprendizagem a transtornos de personalidade.

CI:O que você teria a dizer para os estudantes de Psicologia e o público leigo sobre o Psicodrama e o seu trabalho?

Se permitam conhecer o Psicodrama e o trabalho dos psicólogos psicodramatistas. Garanto que nunca mais vão querer outra abordagem!!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SEMANA DO PSICODRAMA

Voltamos essa semana para falar de uma abordagem um tanto quanto negligenciada, o Psicodrama. A seguir um texto breve, introdutório, sobre Jacob Levy Moreno, o pai do Psicodrama. Maiores esclarecimentos serão possíveis nos próximos dias onde postaremos uma entrevista com Uri Pellegrini, psicodramatista que nos recebeu para falar desta abordagem. Gratos por acessarem o nosso blog.



Jacob Levy Moreno nasceu na Romênia em 1889, formou-se em psiquiatria e ficou conhecido como pai do teatro espontâneo e do Psicodrama ao propor, que através da representação, os indivíduos tomavam consciência de seus conflitos psicológicos, reconhecendo-os e ampliando novas possibilidades para lidar com suas dificuldades e situações de conflito. 

Foi nos Estados Unidos, mais precisamente na cidade de Nova Yorque onde praticou a medicina. Começou a trabalhar com crianças no instituto Plymouth de Brooklin e no Hospital Monte Sinaí. Passados dez anos, fundou o Sanatório de Beacon Hill, mais tarde transformado em Centro Mundial para Psicodrama, para Sociometria e Psicoterapia de Grupo. Jacob Levy Moreno morreu em Beacon, em 1974, aos oitenta e cinco anos de idade.

Moreno mostrou que a sua teoria é a antítese da psiquiatria. Dirigiu, entre 1921 e 1925, um teatro no qual os atores improvisavam com a participação do público. A descoberta das potencialidades terapêuticas do teatro (efeito catártico) desembocou no desenvolvimento posterior do Psicodrama, que pode ser definido como uma via de investigação da alma humana mediante a ação.

Os objetivos do Psicodrama são: liberar sentimentos reprimidos para conscientizar o paciente da dinâmica dos conflitos e adaptá-lo às interações sociais, suas técnicas têm características teatrais. Consideram-se técnicas básicas dessa prática, á inversão de papeis, o duplo e a técnica do espelho.

No Brasil o Psicodrama se inicia em São Paulo, na década de 60, através da psicóloga e socióloga Iris soares de Azevedo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ENTREVISTA - Kátia Jane



ENTREVISTA PARA O BLOG CONEXÃO INCONSCIENTE.

É com enorme satisfação que apresentamos o nosso blog Conexão Inconsciente, onde reunimos o grupo NÓS QUATRO E ELA e levamos até você querido leitor à primeira de uma série mensal de entrevistas com profissionais das mais diversas áreas.
A presente entrevista é com a coordenadora do curso de psicologia da Unijorge (Centro Universitário Jorge Amado), Kátia Jane Chaves Bernardo, graduada em psicologia pela UFBA, com especialização em Terceira Idade pela UCSAL, mestrado em Teoria Psicanalítica pela UFRJ e é doutoranda em História pela UFBA. Possui experiências acumuladas como gerente da Pró-Reitoria de extensão da UNEB e coordenadora da Universidade Aberta à terceira idade da UNEB. 
Com um curriculum invejável e larga experiência nas mais diversas áreas da psicologia, conversamos com Kátia Jane sobre temas que envolvem a psicologia, assim como, o contexto acadêmico para os futuros profissionais.

CONEXÃO INCONSCIENTE: Muitas pessoas afirmam que as profissões da área de saúde mental, são as profissões do século XXI. Como você insere a psicologia nesse contexto?

No contexto de violência, desemprego, injustiça, desigualdades e exclusão social que temos vivenciado na contemporaneidade, com repercussões sobre a construção da subjetividade dos sujeitos, provocando, em alguns casos, sofrimento mental e adoecimento psíquico, é possível que as profissões da área da saúde mental se tornem indispensáveis, e a Psicologia, uma ciência e uma profissão comprometida com os Direitos Humanos não poderia estar fora dessa realidade.

CI: Por falar em psicólogo, o que é ser psicólogo para você?

Vou responder a esta pergunta reproduzindo o que institui o Código de Ética Profissional do Psicólogo, segundo o qual o psicólogo é um profissional cuja conduta deverá estar pautada:
I. No respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II. Na promoção da saúde e da qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III. Na garantia da responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
IV. Em uma atuação responsável, por meio do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática.
V. Promoção da universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.
VI. Garantia de que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII. Cuidado em relação às relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código.

CI: Já que o blog se chama Conexão Inconsciente, qual a conexão que você faz entre o sujeito e o inconsciente? 

De acordo com a teoria psicanalítica esses dois conceitos são diferentes. O sujeito falado no senso comum, que é o sujeito humano, não pode ser confundido com o sujeito do inconsciente, conceito fundamental na teoria psicanalítica

CI: Sendo um dos seus ramos de atuação preferencial, a questão da terceira idade. Qual a conexão que você faz do panorama atual das relações entre jovens e idosos na sociedade contemporânea? 

A sociedade contemporânea não está preparada para lidar com seus velhos, o que termina por complicar a relação entre as gerações ascendentes e descendentes. A representação social da velhice é carregada de negatividades, com a velhice ocupando um lugar de marginalizado na existência humana.

CI: Como você analisa o contexto dos cursos de graduação de psicologia no país, mais especificamente na Bahia?

Temos cursos de graduação em Psicologia que oferecem uma formação de qualidade, a exemplo do curso da Unijorge, mas temos também cursos com matrizes curriculares frágeis, sem possibilidade de formar profissionais preparados para o mercado. Por isso é importante analisar com cuidado o curso que iremos escolher para a nossa formação profissional.

CI: A título de inovações curriculares, existem intenções para o curso de psicologia da UNIJORGE? Como por exemplo, Psicologia Jurídica, disciplina bastante atual e bem solicitada atualmente pelo mercado de trabalho, ou Psicologia Esportiva, uma nova tendência.

De acordo com as recomendações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Psicologia, os cursos devem ser generalistas, o que significa dizer que devem oferecer uma formação ampla do psicólogo, respeitando a multiplicidade de suas concepções teóricas e metodológicas, originadas em diferentes paradigmas e modos distintos de compreender a ciência, assim como a diversidade de suas práticas e contextos de atuação.
Dessa forma, quando pensamos a matriz curricular do curso de Psicologia, procuramos seguir essas orientações, oferecendo componentes curriculares que garantissem ao formando em Psicologia e visam garantir ao profissional o domínio de conhecimentos psicológicos e a capacidade de utilizá-los em diferentes contextos que demandam a investigação, análise, avaliação, prevenção e intervenção em processos psicológicos.
A psicologia Jurídica aparece no curso de Psicologia da Unijorge no formato de estágio profissionalizante.

CI: Como você enxerga o atual cenário do mercado de trabalho para os psicólogos, desde, a sua dinâmica e exigências, até ganhos financeiros.

A Psicologia é nova como ciência e ainda mais nova como profissão. Esse ano ‘A Psicologia’ brasileira comemora 48 anos da regulamentação da lei que instituiu a profissão de ‘Psicólogo’ (Lei 4119 de 1962). Portanto é uma profissão cujos campos de atuação do profissional psicólogo encontra-se em plena expansão. Um exemplo disso é a abertura de espaços para a atuação do profissional psicólogo nas políticas publicas.

CI: De que maneira a UNIJORGE colabora para a composição de um repertório cultural e intelectual dos seus alunos de psicologia?

A UNIJORGE desenvolve alguns projetos cujo objetivo é complementar a educação formal dos nossos alunos. Entre esses projetos podemos citar o Interculte, que é um Congresso Interdisciplinar de Cultura, Tecnologias e Educação, que tem como objetivo estimular a comunidade acadêmica na produção, socialização e divulgação de conhecimentos científicos no campo educacional, promovendo intercâmbios entre alunos e pesquisadores, entre instituições de ensino e outras parcerias da comunidade. 
A Mostra de Projetos da UNIJORGE é outro espaço de produção e socialização dos saberes produzidos nas diversas áreas. Entre os objetivos da Mostra de Projetos da UNIJOGE destacamos a busca pelo cultivo de valores sociais e culturais, revelando compromissos e sentimentos de cooperação entre alunos e professores, e o favorecimento da construção de posturas responsáveis no exercício da individualidade e coletividade.
No curso de Psicologia temos as cirandas psicológicas, o cine psi, os fóruns de análise do comportamento, de psicanálise, de teorias humanistas e as Jornadas anuais de Psicologia da Unijorge que tratam de temas relevantes para os futuros profissionais dessa área.

CI: Existe alguma pergunta que nunca tenha sido feita a você e que gostaria de responder sobre questões relacionadas à coordenação e desenvolvimento do curso dentro da instituição?

Seguramente devem existir inúmeras questões que não foram feitas, mas que deverão surgir ao longo dessa trajetória. O mais importante disso tudo é a paixão que tenho pelo que faço o prazer de lidar com professores e alunos no meu dia-a-dia e, acima de tudo, saber que estou contribuindo para a formação de meus futuros colegas, aqueles que representarão a minha profissão.