sábado, 16 de outubro de 2010

VIDA E OBRA DE SARTE.

Jean-Paul Sartre nasceu em Paris no dia 21 de junho de 1905. Seu pai faleceu dois anos depois e a mãe Anne-Marie Schweitzer, mudou-se para Meudon, nos arredores da capital, a fim de viver com Charles avô materno de Sartre. Sobre a morte do pai escrevera mais tarde “foi um mal, um bem? Não sei, mas subscrevo de bom grado o veredicto de um eminente psicanalista: não tenho superego”.

Talvez a ausência da figura paterna em sua vida possa explicar por que Sartre se tornou um homem radicalmente livre. Outro traço marcante na formação de Sartre foi à imaginação criativa, alimentada pela leitura precoce e intensiva. Isso fica claro em uma de suas citações: “... Por ter descoberto um mundo através da linguagem, tomei durante muito tempo a linguagem pelo mundo. Existir era possuir uma marca registrada, algumas portas nas tábuas infinitas do verbo; escrever era gravar nelas seres novos; foi a minha mais tenaz ilusão, colher as coisas vivas nas armadilhas das frases...” Aos dez anos de idade quis tornar-se escritor e ganhou uma maquina de escrever. Seria seu instrumento de trabalho por toda vida.

Em 1924, aos dezenove anos de idade, ingressou no curso de filosofia da escola normal superior, onde por incrível que pareça não foi um aluno brilhante, mas muito interessado, principalmente pelas aulas de Alain (1868-1951), “Pseudônimo de Émile Auguste Chartier. Um dos inspiradores teóricos da fase radical da III República Francesa. Autor francês, marcado pelo espinosismo e pelo cartesianismo, é um dos principais teóricos do individualismo contemporâneo. Inspirador do novo pensamento radical francês é também um dos herdeiros da chamada república dos professores. Destaca-se durante a chamada questão Dreyfus pelos seus curtos, publicados diariamente em La Dépêche de Rouen. Neles, faz a defesa moralista da liberdade individual contra a tirania do Estado. Glosando Lord Acton, diz que se o poder enlouquece, o poder absoluto enlouquece absolutamente.”

Sartre dedicava atenção particular à discussão do problema da liberdade. Na escola normal Sartre conheceu Simone de Beauvoir (1908-1986), “uma moça bem comportada” que ele afirmou:” a partir de agora, eu tomo conta de você”. E nunca se separaram.

Terminado o curso de filosofia, em 1928, Sartre teve de prestar o serviço militar e o fez em Tours, na função de meteorologista Depois disso obteve uma cadeira de filosofia numa escola secundária do Havre, cidade portuária. Nessa época escreveu o romance A Lenda da Verdade, recusado pelos editores. Em 1933, passou um ano em Berlim, estudando a fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938), as teorias existencialistas de Heidegger e Karl Jaspers (1883-1969) e a filosofia de Max Scheller (1874-1928). A partir desses autores, Sartre foi levado a obras de Kierkegaard (1813-1855). Apoiado nessas referências principais, Sartre elaborou sua própria versão da filosofia existencialista.

Na Alemanha, Sartre iniciou a redação de Melancolia, romance mais tarde concluído e intitulado A Náusea. De volta à França, publicou, em 1936, A Imaginação e A Transcendência do Ego, trabalhos marcados por forte influência da fenomenologia. Em 1938, foi editada A Náusea. Um ano depois, uma coletânea de contos: O Muro, e o ensaio Esboço de uma Teoria das Emoções; em 1940, mais um ensaio: O Imaginário, que, como o anterior, utilizava o método fenomenológico,

Em 1939 ele volta para o exército francês, servindo na segunda guerra mundial como metereologista. É aprisionado em 1940 pelos alemães, e permanece na prisão até 1941. De volta a Paris alia-se à resistência francesa, onde conhece e torna-se amigo Albert Camus, amizade que dura até 1952, quando os dois rompem a relação publicamente devido à publicação do livro o homem revoltado no qual Camus critica Stalinismo. Sartre defendia uma relação de colaboração critica com a URSS.

Em 1943 publica seu mais famoso livro filosófico, L’Être et Le Néant ( o ser e o nada: ensaio de ontologia fenomenológica), que condensa todos conceitos importantes da primeira fase de seu sistema filosófico.

Em 1945, ele cria e passa a dirigir junto a Maurice Merleau-Ponty a revista Les Temps Modernes (Tempos Modernos), onde são tratados mensalmente os temas referentes à Literatura, Filosofia e Política. Além das contribuições para a revista, Sartre escreve neste período algumas de suas obras literárias mais importantes, sempre encarando a literatura como meio de expressão legítima de suas crenças filosóficas e políticas. Escreve livros e peças teatrais que tratam das escolhas que os homens tomam, frente às contingências que estão sujeitos. Entre as obras e peças destacaram-se: Huis Clos (Entre quatro paredes) (1945) e a trilogia Les Chemins de la liberté (Os caminhos da Liberdade) composta pelos romances L'age de raison (A idade da razão) (1945), Le Sursis (Sursis) (1947) e Le mort dans l'âme (Com a morte na alma) (1949).

Em 1950, sartre abraça o comunismo, torna-se ativista e publicamente se diz favoravel à libertação da Argelia do colonialismo francês. Sua aproximação do marxismo inaugura a segunda parte de sua carreira filosófica. Por exaemplo, a idéia de que as forças sócio-econômicas, que estão acima do nosso controle individual, têm o poder de modelar nossas vidas. Escreve então, La Critique de la raison dialectique ( A critica da da razão dialética, 1960) onde defende valores humanos presentes no marxismo e apresenta uma versão alterada do existencialismo que ele julgava resolver as contradições entre as duas escolas.

Sartre adaptava sempre sua ação a suas idéias, e o fazia como ato politico. Era considerado por muitos como intelectual engajado. Em 1963, escreve les most (As palavras, lançado em 1964), um relato autobiográfico de sua despedida da literatura. Após dezenas de obras literárias, ele conclui que a literatura funcionava como um substituto para o real comprometimento com o mundo. Em 1964, recebe o Nobel de Literatura, que recusa pois, segundo ele, "nenhum escritor pode ser transformado em instituição". Morre em 15 de abril de 1980 no Hospital Broussais (em Paris). Seu funeral foi acompanhado por mais de 50 000 pessoas. Está enterrado no Cemitério de Montparnasse em Paris. No mesmo túmulo jaz Simone de Beauvoir.

Sartre inicia-se com A Transcendência do Ego, A Imaginação, Esboço de uma Teoria das Emoções e O Imaginário, publicados entre 1936 e 1940. Neles encontram-se aplicações do método fenomenológico formulado por Husserl, onde o autor não só se afasta do mestre, como chega a criticar algumas de suas posições. A obra na qual se encontra a filosofia existencialista que celebrizou Sartre é: O Ser e o Nada.

Itaylson Lopes de Jesus

2 comentários:

  1. Teorias humanista existencial e fenomenológica em alta aí em^^ , curti mto ser colega de vocês esse semestre o/ bjs

    ResponderExcluir
  2. Que maravilhaosa descrição de Sartre, com preciosas informações! Feliz 2011, abraços, Milla

    ResponderExcluir